segunda-feira, 30 de maio de 2011

8 Dias de ocupação da Viver

FONTE: http://ocupacaodaviver.blogspot.com/2011/05/8-dias-de-ocupacao-da-viver.html

Desde a última segunda feira um grupo de pessoas se reveza na image ocupação da Associação Viver na cidade Estrutural. Esse grupo faz a frente da mobilização realizada entre mães, pais, voluntários, ex-funcionários, parceiros e moradores da Estrutural que resistem a mudanças realizadas no trabalho tomadas de forma unilateral, em detrimento da dinâmica participativa construída nos últimos anos. Esse grupo luta por uma gestão horizontal e participativa nos projetos desenvolvidos, de forma que todos construam coletivamente a transformação daquela realidade onde todos são parte e protagonistas da historia construída até aqui.
Os projetos desenvolvidos na cidade Estrutural foram mobilizados e viabilizados pela Associação Viver, que de forma competente e dedicada executou diversas ações em prol da comunidade. Acontece que nos últimos meses a entidade mantenedora da Viver resolveu tomar algumas decisões que afetaram diretamente os trabalhos e essas ações mobilizaram a comunidade, mães, pais, educadores, parceiros e voluntários para entender o que estava acontecendo na condução do projeto. Essa situação de certa forma estabeleceu um conflito entre a comunidade que optou pela continuidade das ações como vinham sendo tomadas e o posicionamento da nova diretoria de realizar mudanças conforme um novo direcionamento institucional que haveria de ser dado a entidade.
Esse conflito se acirrou quando a Diretoria resolveu na última segunda feira demitir toda equipe técnica, que formava uma coordenação colegiada, até então responsável pela condução do atendimento realizado. Com essa intensificação de conflito as partes polarizaram ainda mais seus posicionamentos, de um lado a Viver buscando fortalecer sua estrutura institucional de poder de deliberação sobre os projetos e de outro um grupo da comunidade lutando por participação na construção do projeto. Nesse processo aconteceram reuniões comunitárias convocadas tanto pelo grupo de resistência quanto pelo grupo da Associação e no processo buscou-se a mediação da Sedest e da Unb, através do Decanato de Extensão. Essa mediação se deu em três reuniões que aconteceram com representações da Viver, do Grupo de ocupação, da SEDEST e da UNB. Na primeira reunião tivemos a apresentação de uma proposta pelo grupo de ocupação e na segunda veio a resposta da Associação Viver com outras propostas que deveriam ser avaliadas pelo grupo de ocupação. No terceiro e último momento o grupo da Associação chegou a conclusão que não era possível acatar as reivindicações do grupo e que não havia interesse institucional de se submeter as mudanças que afetavam diretamente o processo de construção política da entidade.
Diante do impasse caberá a SEDEST tomar fazer uma intermediação com as partes e tomar a decisão sob qual conjunto de diretrizes as ações desenvolvidas na Estrutural no escopo socioassistencial será desenvolvida.
Durante a ocupação as atividades continuaram sendo desenvolvidas com o reforço de uma equipe de voluntários mobilizados entre os projetos de Extensão da Unb na Estutural, pelo Diretório Central dos Estudantes da Unb, voluntários, parceiros e entre as famílias dos atendidos. Já são seis dias de atendimento direto por parte dessa equipe que hoje teve o reforço do programa educativo do DETRAN, que está na entidade desenvolvendo oficinas sobre educação no transito e o SESC através do programa de educação para higiene bucal. Na semana passada além das oficinas os educandos contaram com uma apresentação de teatro realizada pela Cia Teatro de Acuçar.
Atualmente o grupo espera um posicionamento da SEDEST para definir qual será o futuro da manifestação. Enquanto isso estão sendo mobilizados voluntários para fortalecer as oficinas e parceiros e doadores que queriam doar alimentos, roupas e material pedagógico para o desenvolvimento das atividades. O grupo já fez uma programação de atividades para essa semana e conta com mais apoios para desenvolver ainda mais as ações de educação com a perspectiva de uma autonomia comunitária e transformadora na cidade Estrutural.
image image Higiene Bucal
image Educação para o Transito
imageEducação para o Transito
image Apresentação de Teatro
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Reunião com as familias sobre a ocupação e o posicionamento da comunidade
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Funcionamento das Atividades
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Limpeza das salas
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Construção da Nova Proposta
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Trabalho de Organização

sábado, 28 de maio de 2011

Associação Viver ocupada em nome da autonomia do espaço

Fonte: http://www.ocupacaodaviver.blogspot.com/



Histórico dos Problemas Enfrentados

A Viver, entidade beneficente atuante na cidade Estrutural há 12 anos, foi fundada por membros da Igreja Presbiteriana do Cruzeiro, responsáveis pela organização legal da mesma bem como de sua estrutura administrativa. Essa estrutura está descrita em seu estatuto, que basicamente confere a alguns membros dessa comunidade eclesiástica que compõem um conselho fiscal, plenos poderes para qualquer decisão envolvendo a referida entidade, porém nenhum dos membros que compunham esse conselho eram atuantes na comunidade ou trabalhavam diretamente com esse atendimento.
A partir do ano de 2008, com a indicação de novos membros para esse conselho, a disposição de alguns desses em estar mais presentes e mais atuantes na comunidade fez com que um novo modelo de gestão se constituísse, fundamentado na importância da participação de seus colaboradores para a construção coletiva. Por estarem envolvidos diretamente com o trabalho e serem membros da comunidade e ainda por sua relação direta com o público atendido, foi possível uma construção que resultou em decisões mais assertivas e mais atentas às demandas que surgiam no decorrer desse processo. Essa nova dinâmica de gestão influenciou diretamente na participação das famílias atendidas e da comunidade em geral, que passou a ter maior acesso à associação e entendê-la como um espaço democrático para manifestação da diversidade de seus atores
Até o ano de 2008 a entidade vinha mantendo seu atendimento contando com recursos financeiros que vinham diretamente da Igreja Presbiteriana do Cruzeiro por meio de doações dos membros congregantes e atendia 100 crianças no turno contrário ao turno escolar. A partir de 2002/2003 a entidade deu entrada nos trâmites legais para obtenção do convênio com a Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda- SEDEST, que foi celebrado cinco anos depois, no ano de 2008. Com a celebração do convênio, a entidade passou a atender 200 crianças e adolescentes e pode ampliar seu quadro de funcionários, de cinco, até 2007 para 12 em 2008. No ano seguinte, em função da grande demanda de crianças e adolescentes em uma fila de espera, a Viver renovou seu convênio e passou a atender 400 crianças e adolescentes e ampliou mais uma vez seu quadro de funcionários, de 12 para 36. Contando com o repasse de verba feito pela secretaria, a Viver ganhou maior independência financeira da comunidade eclesiástica, que não poderia arcar com a receita despendiada para tal atendimento.
Também a partir de 2008, foram possíveis novas parcerias que fortaleceram ainda mais o trabalho na comunidade e também a atuação em movimentos sociais ligados à luta pela garantia de direitos da comunidade.
No decorrer desse processo de transformação, a maior parte dos membros do Conselho Diretor definido pela Igreja Presbiteriana do Cruzeiro não esteve diretamente envolvido com essa dinâmica, apresentando inclusive uma resistência à diversas propostas trazidas por aqueles membros que estavam envolvidos diretamente com a execução desse atendimento e que percebia cada vez mais a necessidade de se rever o estatuto vigente até então, reformulando-o numa perspectiva em que os membros da comunidade e os funcionários que atuavam na entidade participassem de toda e qualquer decisão relevante para a continuidade do trabalho.
Essas diferentes visões sobre o modelo de gestão adequado acabaram gerando um campo de tensões, marcado por uma maioria de membros do Conselho Diretor e obviamente ligados ao meio eclesiástico e que acreditavam que o mesmo deveria continuar a gestão que vinha se desenvolvendo desde a fundação da entidade. Por  outro lado, se formou um grupo, que estava baseado nas experiências diretas com a comunidade e na visão que se construiu com membros participantes do processo de que o modelo experimentado valoriza o coletivo e dá aos membros desse grupo pesos iguais nos processos de decisão.
Esse impasse dentro do conselho chegou à conseqüências extremas na segunda-feira,25 de abril de 2011, quando numa reunião comunicada na manhã do mesmo dia, os membros do conselho se organizaram sem nenhuma consulta prévia ao coletivo que atua na Associação Viver e retiraram o presidente do seu cargo, sem nenhuma justificativa plausível e respaldados por um estatuto obsoleto, completamente alheio à realidade atual da entidade e da comunidade onde ela está inserida e apenas preocupado em garantir que a igreja, a despeito de qualquer avanço ou transformação conquistada pela força da construção coletiva, continue sendo a dona dessa entidade, como demonstrou nessa atitude.
Na terça-feria o novo presidente acompanhado do novo diretor administrativo, compareceram à entidade para comunicar essa decisão e encontraram um grande descontentamento por parte da equipe e sem dar nenhuma explicação clara do porque da decisão, apenas informaram que a mudança do cargo da presidência em nada tinha a ver com  o trabalho desenvolvido pelo presidente anterior e sim com questões internas relacionadas ao meio eclesiástico. Quando questionado sobre o motivo de não ter consultado a equipe, tentou legitimar a ação por meio do estatuto. Diante de tal atitude intransigente, o coletivo que vem construindo o trabalho diariamente deixa clara a sua insatisfação e indignação e por conta disso resolveu aprofundar o conhecimento do Estatuto e da lógica seguida pela Igreja.
Nessa analise descobrimos que o Estatuto da entidade apresenta graves irregularidades no processo de participação da sociedade e na tomada de decisões pois delega poderes excessivos a Igreja Presbiteriana do Brasil no Cruzeiro deixando toda lógica de funcionamento da entidade a serviço dos interesses eclesiásticos da Igreja ferindo o código civil que prevê que essas organizações tenham uma maior participação pela constituição de uma Assembléia de sócios. Além disso os interesses religiosos da entidade ficam claramente percebido na carta do Conselho ao ex-presidente.